A Tragédia na Estrada que Mudou o Metallica Para Sempre

Por: Savage em 7 de novembro de 2025

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Na madrugada gelada de 27 de setembro de 1986, o Metallica cortava as estradas da Suécia durante a turnê do monumental Master of Puppets. O frio era brutal, a estrada parecia vidro, e a banda tentava descansar entre um show e outro. Cliff Burton — o prodígio do baixo, o gênio silencioso que unia Bach, Misfits e Black Sabbath num único ataque de palhetada — havia ganhado a melhor cama do ônibus em um jogo de cartas com James Hetfield.

Parecia uma noite comum de turnê.
Mas algumas histórias não nascem no palco — nascem do caos.

A Madrugada que Partiu o Metallica ao Meio

Horas depois, enquanto todos dormiam, o ônibus deslizou na pista congelada, perdeu o controle e capotou. Em segundos, o que era rotina virou pesadelo. Cliff Burton foi arremessado pela janela e esmagado pelo próprio veículo — uma cena que James Hetfield jamais esqueceu.

Atordoado, Hetfield correu pela estrada congelada, respirando vapor e adrenalina, tentando entender o impossível. Chegou a questionar se o motorista não estava bêbado. O choque, a raiva, a incredulidade… tudo se misturava naquele deserto branco de asfalto e neve.

A morte de Cliff não foi apenas a perda de um músico.
Foi como se arrancassem a alma melódica do Metallica.

O Elegante, o Selvagem e o Gênio do Baixo

Cliff era o equilíbrio entre peso e harmonia.
Seu baixo tinha a fúria de uma Harley rasgando a madrugada, mas também o cuidado de quem entendia música como arquitetura. Era o músico que guiava a banda para caminhos mais ousados — e todos sabiam disso.

Sem ele, o Metallica virou uma banda em queda livre.
O luto atravessou ensaios, decisões e o próprio som.

E o Rock Não Para

Mesmo feridos, seguiram em frente. Jason Newsted assumiu o baixo, encarando a missão mais ingrata do metal: substituir Cliff Burton. A banda voltou à estrada, mas algo havia mudado. O som ficou mais duro, mais frio, mais técnico — como se toda emoção estivesse sendo mastigada pela raiva.

Desse peso nasceu …And Justice for All (1988), um álbum complexo, labiríntico e quase sem baixo audível. Muitos criticam. Outros entendem: parecia que a banda não queria “preencher” o espaço que era de Cliff. Era como se o fantasma dele ainda estivesse ali, entre as frequências que ninguém escutava.

Da Tragédia à Imortalidade

O Metallica nunca mais foi o mesmo — e talvez seja exatamente por isso que se tornou imortal. Cada riff, cada silêncio, cada show gigantesco em estádios lotados carrega esse eco: a lembrança do garoto de 24 anos que tocava como se conversasse com o universo.

Cliff Burton  *1962 – ✟1986.
O som ainda vibra.
E vibra porque existe ausência, memória e eternidade no metal que ele deixou.