Chosen Few MC: Quando a Estrada Se Torna Resistência e Liberdade

Por: Savage em 20 de novembro de 2025

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Falar do Chosen Few Motorcycle Club é falar de resistência, coragem e identidade sobre duas rodas. É reconhecer uma história que nasceu na marra, no som da cultura urbana e no ronco de motores que se recusaram a aceitar o silêncio imposto pela segregação racial nos Estados Unidos.

Em 1959, quando a maioria dos moto clubes simplesmente não aceitava motociclistas negros e quando leis, costumes e preconceitos tentavam limitar até mesmo quem podia rodar junto, um grupo de homens em Los Angeles decidiu romper com tudo isso.
Se as portas estavam fechadas, eles abririam sua própria casa.
Se a estrada era negada, eles a tomariam para si.

Assim surgia o primeiro motoclube formado exclusivamente por motociclistas negros — não como alternativa, mas como afirmação de existência. O Chosen Few não nasceu para se encaixar; nasceu para ocupar espaço, criar seu próprio caminho e reivindicar a liberdade que lhes era negada fora da moto.

Identidade, cultura e irmandade

Para seus membros, o Chosen Few MC era mais que um clube: era uma resposta direta à exclusão, um refúgio onde homens negros podiam construir irmandade, dignidade e respeito sem pedir permissão.
Couro no corpo, guidão firme e a certeza de que o asfalto também lhes pertencia — e de que ninguém tiraria isso deles.

Durante os anos 1960 e 1970, período marcado por tensões raciais, marchas por direitos civis, violência policial e transformações profundas nos EUA, o Chosen Few se consolidou como símbolo de determinação. Eles pavimentaram o caminho para outros MCs negros, mostrando que a cultura biker também tinha — e sempre teve — espaço para vozes antes silenciadas.

Estética, atitude e presença

O clube criou uma estética própria:
motos pesadas, postura marcante, visual forte e influências vindas do soul, do funk e de toda energia urbana que pulsava nas ruas de LA. A presença do Chosen Few não passava despercebida — e nem deveria.

Cada rolê era ato político.
Cada patch carregava história.
Cada encontro afirmava: “não vamos desaparecer.”

Um legado que atravessa gerações

Décadas se passaram, gerações surgiram, e o Chosen Few continuou lá, firme, mantendo viva a essência que deu origem ao clube. Hoje, eles representam a força de uma comunidade que encontrou na estrada um espaço de autonomia, respeito e autocontrole.

Para muitos motociclistas negros, o Chosen Few não é apenas um marco — é um símbolo de que a estrada pode, sim, ser um território de liberdade, mesmo quando o mundo tenta impor barreiras.

Consciência que se vive, não só se fala

Lembrar o Chosen Few MC é lembrar que consciência não é só discurso — é prática, ação e coragem.
É reconhecer quem rasgou fronteiras sociais para abrir caminhos onde nenhum existia.
É honrar quem transformou duas rodas em liberdade e escreveu, com cada quilômetro rodado, um capítulo importante da história da cultura biker.

O ronco deles ainda ecoa — não apenas nas estradas, mas na memória e na luta de quem se recusa a ser apagado.