Pouca gente para para pensar, mas o colete é um dos símbolos mais fortes do motociclismo. Ele está tão presente no imaginário coletivo — couro, jeans, patches, brasões, caveiras — que parece algo que sempre existiu. Mas sua história é bem mais antiga e cheia de significado.

Nos anos 20, quando o motociclismo começava a se popularizar, o colete não tinha nada de cultural ou simbólico. Era apenas uma peça prática. Servia para proteger do vento, do frio e do clima imprevisível das estradas. Muitas vezes, era usado por cima de casacos para reforçar a proteção do piloto, especialmente em longas viagens. Era funcionalidade pura.

Mas isso começou a mudar no pós-guerra. Nos anos 50, soldados que retornavam do front buscavam na motocicleta um novo propósito e uma forma de reencontrar o espírito de camaradagem. É nesse contexto que surgem os primeiros moto clubes modernos. E, com eles, nasce o costume de costurar patches no colete — símbolos que identificavam a irmandade, a região, o capítulo, o status dentro do clube e, claro, o nome do grupo.

O colete deixava de ser roupa e começava a se tornar linguagem.

Nos anos 60 e 70, o mundo inteiro fervia. Rock, contracultura, rebeldia, a busca por liberdade e identidade. Filmes como Easy Rider transformaram os motociclistas em ícones e o colete no uniforme da liberdade. Ele deixava claro que você não era parte da sociedade tradicional — você estava na estrada, seguindo seu próprio código.

Foi nesse período que o colete se tornou símbolo definitivo do motociclismo. Não importava o estilo: custom, chopper, touring, outlaw, independente. O colete era o espaço onde cada piloto carregava sua história, suas viagens, suas escolhas e sua tribo.

Hoje, ele é reconhecido no mundo todo. Pode ser de couro ou de jeans. Pode ter patch bordado à mão ou brasão clássico. Pode estar limpo, pode estar gasto de estrada. Cada detalhe fala. Cada desgaste diz algo sobre quem o veste. É mais do que vestimenta: é identidade.

O colete nasceu prático, virou símbolo e se tornou tradição. E, no motociclismo, tradição é coisa séria.