Antes de arenas lotadas, de turnês gigantescas e de álbuns que moldariam a história do metal, o Iron Maiden era apenas uma banda britânica tentando encontrar sua identidade no submundo barulhento da Londres dos anos 70. Mas, desde o começo, Steve Harris sabia: o Maiden não seria apenas música — seria mitologia.
E foi dessa necessidade de criar algo maior que o palco, maior que a banda e maior que qualquer fã poderia imaginar que nasceu Eddie, o morto-vivo mais lendário da história do rock.
Nos shows iniciais, em pubs apertados e clubes esfumaçados, o Maiden já procurava um elemento visual que gritasse a essência da banda. A solução veio de forma tão simples quanto brutal:
um pedaço de pano com um rosto grotesco pintado, pendurado atrás da bateria. Durante as músicas, um sistema rústico soltava fumaça pela boca da criatura. Era tosco, era improvisado — mas funcionava. E o público pirava.
Aquele rosto disforme não tinha nome, mas tinha presença.
Tinha alma.
Tinha identidade.
E logo se tornaria Eddie.
Quando a banda decidiu gravar seu primeiro álbum, precisavam transformar aquele improviso em algo profissional. Chamaram então o ilustrador Derek Riggs, um artista que misturava surrealismo, horror e ficção científica como ninguém.
Riggs pegou a essência daquele pano grotesco e a transformou em uma figura que parecia ter rastejado para fora de uma guerra urbana:
cabelos desgrenhados, olhos mortos, sorriso demente, pele corroída e atitude de quem encara o mundo inteiro sem baixar a cabeça.
Esse foi o Eddie que estampou o álbum Iron Maiden (1980).
Um mascote que não era “bonitinho” — era ameaçador.
Um morto-vivo entre o punk, o caos londrino e o apocalipse.
E o rock nunca mais foi o mesmo.
Eddie se tornou mais que uma capa.
Virou narrativa.
Em cada álbum, ele renascia como uma nova entidade — sempre conectado ao tema, sempre espelhando a evolução da banda:
Um faraó amaldiçoado em Powerslave
Um cyborg distópico em Somewhere in Time
Um demônio guerreiro em The Number of the Beast
Um soldado do inferno em Piece of Mind
Um viajante cósmico em The Final Frontier
E assim por diante. Eddie atravessa eras, civilizações, dimensões e pesadelos. Ele não é apenas parte do Maiden — é o DNA da banda.
O Maiden não criou apenas um mascote.
Criou um arquétipo.
Criou um símbolo universal.
Eddie é:
Indomável, como o metal deve ser
Eterno, porque o Maiden nunca morre
Imprevisível, como toda obra viva
Barulhento, visualmente e musicalmente
Uma entidade maior que a própria banda
Eddie não é desenho.
Eddie é atitude.
Eddie é identidade.
Eddie é imortal.
E — acima de tudo — Eddie é o heavy metal olhando de volta para você.